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Retorno as aulas.

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     Depois de uma merecidas férias retorno a postar para aqueles que curtem História, atualidades e curiosidades de assuntos não abordados em meios acadêmicos.
    Quando menos esperamos nossas férias já terminaram e começa tudo novamente, professores "pegando no pé", dever de casa, estudar para provas e testes. Para os meus alunos de 2011 um bom ano letivo, aos que partiram mudaram de escola resta a saudade dos que foram e as boas vindas aos que chegam.

A Morte anunciada das Quadrilhas do Rio

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Ou “Como administrar um negócio sujo”
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Depois de ler algumas atrocidades de pessoas muito bem informadas pela rede globo em alguns jornais e descobrindo que qualquer imbecil que tenha um pequeno domínio da escrita consegue publicar (ok, podem me incluir nessa) resolvi fazer meu  texto sobre essa falácia da grande mídia. Eis o mesmo abaixo:



Enquanto as pessoas continuam sentadas em suas poltronas, assistindo os “derradeiros momentos” da guerra televisionada do Rio de Janeiro, o crime organizado (formado por empresários, políticos, traficantes de armas e drogas – que, sempre é bom salientar, não moram nas favelas) começa a repensar as suas estratégias de mercado. Enquanto nós, papagaios de telejornal, continuamos achando que a TV está fazendo todo esse show pirotécnico com o objetivo de mostrar apenas uma história (vista por apenas um ângulo) e não porque a sua audiência sobe vertiginosamente e seu lucro vai às alturas, um novo desenho da venda e distribuição de drogas no varejo na cidade maravilhosa começa a se definir.

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Não é de hoje que os empresários da droga já se preparavam para abandonar o modelo decadente e falido das quadrilhas, um modelo extremamente caro e difícil de controlar. Manter um pequeno exército (não tão pequeno assim) nos morros cariocas, com o objetivo de dominar territórios, armazenar e distribuir drogas tem se tornado insustentável e o golpe de misericórdia dado pelo governo do Rio no Complexo do Alemão termina de vez, em grande parte, com a era do tráfico feito a base da violência desenfreada e do terror.

.Nesse momento cabe nos perguntarmos se estamos realmente interessados em debater esse assunto e preocupados com o que virá depois que as câmeras tirarem o seu foco dos morros e trocarem a bola da vez. Vamos continuar a falar (e pensar) sobre isso ou vamos mais uma vez deixar que a televisão nos dê a pauta de nossas conversas e preocupações?

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Se tivermos um pouco de bom senso e Inteligência a pergunta agora é: Está tudo resolvido (como foi afirmado aos quatro cantos pela TV, em “um dia que marca o início de uma nova era para o Rio” e para o Brasil)? Faço aqui perguntas que me parecem extremamente infantil, mas, dados os últimos comentários e “análises”, elas são necessárias: O tráfico de drogas acabou? As pessoas vão parar de consumir drogas ilícitas? Os traficantes deixarão de existir?

.Desde a prisão de Fernandinho Beira-Mar que as quadrilhas de traficantes começaram a adotar outras posturas em relação à forma de conduzir os seus “negócios”. Beira-Mar foi o último traficante de morro que ainda trazia a antiga conduta de não usar o seu “produtos”, seguia a linha do famoso Escadinha (o traficante dos anos 70 que proibia seus soldados de vender cocaína, por “questões morais”). O que se viu depois da prisão de Beira-Mar (que mesmo administrando seus negócios como general dos grandes traficantes engravatados de dentro de um presídio, não tem controle sobre o modus operandi de seus asseclas) foi uma carnificina, dezenas de “peixes pequenos” querendo abocanhar um pedacinho do império do traficante preso. Esses novos chefes de quadrilhas eram, quase que na sua totalidade, viciados em drogas que vão da cocaína ao crack, os seja, péssimos administradores. A partir daí o tráfico no Rio tornou-se uma guerra de gangues, uma disputa violenta por territórios, uma sequencia de atos terroristas se sucedia a cada vez que esses novos traficantes se viam ameaçados pela repressão da polícia; como animais encurralados faziam banhos de sangue por qualquer motivo, fosse com a população do centro da cidade, com a polícia e também nas comunidades dos morros (isso é o que a TV insiste em chamar de crime organizado). A população das favelas já não tinha mais aquela confiança (mesmo que por medo) nos traficantes. O regime de tirania dos velhos traficantes, que diziam cuidar de seu povo, foi substituído pela barbárie dos novos traficantes, usuários de sua própria e destrutiva droga.

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Se não estava bom pra favela, também não estava bom para os grandes negociantes de drogas e de armas. O Governo do Rio de Janeiro tomar uma providência era somente uma questão de tempo. No mundo dos negócios é preciso prever o futuro e prepara-se para ele. Os traficantes têm de rodar o PDCA de suas empresas, reavaliar e colocar em prática novas formar de administrar seu lucrativo negócio constantemente. Mas então? Quem comanda o espetáculo agora? Qual é essa nova era que a TV anuncia?
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Ao falar sobre o que a polícia fluminense deveria fazer para combater o tráfico de drogas ilícitas no Rio o sociólogo Luiz Eduardo Soares foi categórico ao dizer: “Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes”; essa é a grande questão. A chamada banda podre da polícia fluminense é quem está assumindo o lugar das quadrilhas através do que conhecemos pelo nome de milícias. Saliento que quando falamos dessa “banda podre” estamos falando de um problema crônico, levantado e combatido por muitas pessoas, como alguns deputados e renomados cientistas políticos. Também devemos saber que essa “banda podre” compreende milhares de policiais e aqueles que não se juntam a ela (que também são milhares) tem de ficar quietos, sob risco até mesmo de morte. Não há espaço para aqueles que acreditam nos mocinhos e bandidos da mídia nessa discussão, ela é séria, complexa e profunda.

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As milícias apresentam uma forma mais sustentável de gerenciar os negócios do tráfico. São mais “limpas”, mais confiáveis e baratas (possuem as suas próprias armas), tem uma auto nível de organização e ainda oferecem outras vantagens de brinde, que é a prestação de outros serviços, como o extermínio de pequenos criminosos e a cobrança de “proteção” dos estabelecimentos comerciais dos morros e arredores; sem falar no apreço velado que muitos de nós preconceituosamente temos pelos policiais que matam marginais e “limpam” a cidade com suas próprias mãos. O crime agora terá quase que uma cara institucional, a venda de drogas no varejo será feita como contrabando, discreta e sem chamar a atenção da mídia, as negociações não serão mais nas bocas de fumo e sim na forma de delivery, as mortes na favela não serão mais brutais e em praça pública, serão feitas em porões e quartos escuros. Ou seja, eles entendem de administração e marketing, qualquer MBA não faria um projeto tão rentável assim, respeitando todas as tendências de mercado.

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O tráfico de drogas acabou? Óbvio que não, ele se adaptou a realidade de mercado. As pessoas vão parar de consumir drogas? As drogas, tanto ilícitas quanto lícitas, são um problema de saúde pública e nem um milhão de soldados e tanques resolverão isso. Os traficantes deixarão de existir? Não. Outros virão para tomar o lugar deles, sejam novas quadrilhas tentando se rearticular sejam milicianos, eles não deixarão de existir enquanto não houver políticas públicas e sociais de saúde para esse assunto.

.E para nós, que não moramos no morro, o que muda? Para nós muda muita coisa. Os morros estão silenciosos agora, eles não descerão mais para nos incomodar. Os holofotes aos poucos deixarão de lado as favelas e nos darão outra coisa para nos distrair. Estamos felizes, o regime de terror das quadrilhas está prestes a acabar, o morro agora tem um outro regime de terror; esse, mais silencioso, mais discreto. Não precisaremos mais ser incomodados pela barbárie, desumanidade e miséria das favelas. As pessoas do morro continuam com fome, sem educação, sem saúde, mas os novos tiranos nos garantem que isso só ficará lá. Eles estão bem longe de nós agora, podemos finalmente desligar a TV e dormir em paz.

NAZISMO VERDE E AMARELO

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Leiam o trecho da reportagem da revista Istoé de maio.
“Neuland é uma “nova terra”, onde não falta emprego aos cidadãos e o salário mínimo é de 840 euros (R$ 2,4 mil). Nesta República Federativa, o hino nacional é o último movimento da Nona Sinfonia de Beethoven e a capital foi batizada de Magno - para afirmar sua grandiosidade. Há três prédios interligados, com 200 mil metros quadrados e 160 andares cada um.
Neuland poderia ser o país fictício de uma narrativa fantasiosa. Mas a mente de quem criou esta nação-babel, com 20 idiomas oficiais, é a mesma que está sendo acusada de planejar a morte de um rival, motivada por uma ideologia que já foi usada para justificar o assassinato de milhões de pessoas no século passado e se mostra viva no Brasil de 2010: o nazismo.
O paulista Ricardo Barollo, 34 anos, coordenador de projetos especiais da empreiteira Camargo Corrêa, foi apontado como mandante do crime que tirou a vida do estudante de arquitetura mineiro Bernardo Dayrell, 24, e sua namorada, a estudante Renata Waechter, 21, na madrugada de 21 de abril em Campina Grande do Sul, no Paraná, devido a uma disputa de poder. O crime descortinou uma rede organizada de nazistas no País, com ramificações em vários Estados e conexões com outros países.
Nazistas
Barollo e Dayrell eram líderes dos dois maiores movimentos nacionais. Defendiam que a raça branca estava em extinção e, por isso, a miscigenação deveria ter fim. A Neuland seria o país de extrema direita pautado na mesma ideologia que o ditador Adolf Hitler implantou na Alemanha a partir de 1934. Primeiro, o grupo tomaria São Paulo e os Estados do sul do País. Depois, conquistaria o território de 22 países da Europa.”
É difícil até encontrar palavras para dizer o quanto eu estou indignado com a matéria. Na verdade, isso não é novidade, mas o grau de complexidade que alcança é o que impressiona. A questão do neo nazismo deve ser trabalhada na nossa sociedade. Não podemos permitir sinais de intolerância tão brutais como esses.
Aleksander Laks
Para que possamos estudar melhor o tema e organizar debates sobre o assunto, nós do Qi estamos organizando uma grande aula sobre nazismo, que contará com a participação de um grande amigo, Aleksander Laks, sobrevivente do maior campo de concentração que os nazistas criaram na década de 30, Auschwitz. Seu testemunho nos ajudará a compreender esse grande horror da história da humanidade, o holocausto. Agardem…

Ku Klux Klan - A face mais vil do preconceito racial

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Chamada de Klu-Klux-Klan, a organização de ultra-direita dos Estados Unidos reunia extremistas, reacionários e partidários da superioridade racial branca. Mais conhecida como "The Klan" pelos seus membros, a sociedade foi criada no século XIX, no Sul dos Estados Unidos. Seu nome decorre da palavra grega "kuklos" que significa anel ou aliança.

A Ku Klux Klan tencionava ser um partido reconhecido, contrário a integração dos negros na sociedade americana. Quando surgiu, a sociedade funcionava como uma espécie de Clube ou Irmandade que congregava os brancos e protestantes do sul do país. Com o passar do tempo se converteu em um movimento radical e violento.

Contrário aos negros, judeus, imigrantes e católicos, a Ku Klux Klan chegou ao seu auge de poder em 1925, contando com mais de 5 milhões de associados em todo o país. Em alguns estados, a Klan agia como um partido legítimo, endossando e promovendo políticos conservadores que apoiassem seus ideais de "america-centrismo" e "pureza racial". Escritórios centrais davam suporte a partdários em todo o país e até no Canadá. Seus membros estavam presentes em todas as camadas da sociedade e podiam ser vistos em paradas, comícios e festivais sempre trajando o traje que se tornou um ícone do preconceito: o manto branco com capuz pontudo.

As roupas serviam não apenas para ocultar a identidade dos indivíduos, mas para intimidar a população supersticiosa das áreas rurais onde a Klan era mais forte. Muitos acreditavam que as figuras de branco eram fantasmas de soldados confederados mortos durante a Guerra Civil que voltavam do além. Os membros da Klan incentivavam esse pensamento e criavam uma aura sobrenatural para aterrorizar seus inimigos. Algumas cerimônias da KKK incorporavam aspectos de ocultismo e simbologia trazida das ordens de cavalaria medieval.

Os membros mais influentes da Klan, os chamados Dragões, afirmavam fazer parte de um Império Invisível, uma Irmandade que com o tempo seria capaz de controlar e tomar conta de todo o governo dos Estados Unidos. Para alguns essa era uma resposta dos confederados aos "pais da república" que eram maçons liberais. Assim como os rituais maçônicos, a KKK possuía seus próprios rituais e cerimônias. O caráter místico da Klan entretanto era bastante superficial, com dogmas copiados de outras sociedades.

Os "Cavaleiros da Klan", constituíam a linha de frente da Sociedade. Eles se envolviam em ações violentas tendo como alvo qualquer um que contrariasse sua visão distorcida. A Irmandade incentivava o uso de armas para defender seu ponto de vista: na cerimônia de aceitação de novos membros, estes recebiam além do manto cerimonial, uma arma de fogo e treinamento em seu uso. Na ocasião também prestavam o juramento de que aquela arma seria usada contra qualquer um que ousasse desafiar a Ku Klux Klan.

Os membros mais ativos levavam esse juramento solene à sério. Queimavam cruzes e perseguiam avidamente os chamados inimigos da raça branca. Em casos mais extremos organizavam linchamentos, plantavam bombas e ateavam fogo em prédios governamentais.

Na Louisiana, onde a Klan surgiu, seus membros controlavam praticamente todos os níveis de governo estadual e municipal. As pequenas cidades ficavam sob o domínio de prefeitos filiados a Klan. Ser um membro da Irmandade não era algo reprovável, muito pelo contrário, fazer parte do grupo garantia respeito e reconhecimento público. De fato, estimativas atestam que cerca de 20% da população masculina da Louisiana com direito de voto era parte da Irmandade. Filiar-se a Klan era muito fácil e os membros precisavam apenas pagar uma pequena anuidade para serem aceitos.

A influência da Klan era tamanha que em 1922, o Governador da Louisiana, John Parker, afirmou que seus telefones haviam sido grampeados e que sua correspondência era frequentemente aberta por seguidores fiéis à Klan. Funcionários públicos, xerifes e policiais eram parte da sociedade e faziam vista grossa para seu estilo de justiça, chamado no sul de "justiça vigilante". Esse estilo de justiça pelas próprias mãos se amparava no que os extremistas chamavam de "direito divino do homem branco de obter justiça quando a lei falhava em provê-la". Segundo eles o governo federal era corrupto e infiltrado por inimigos da Klan o que justificava suas ações. Na verdade a justiça vigilante era uma forma de exercer o poder pela força da forma que a Klan bem quisesse.

Donos de terras e comerciantes eram intimidados a não fazer negócios com negros ou judeus, caso contrário suas propriedades poderiam sofrer as consequências. Mulheres transgressoras - aquelas que saíam sozinhas ou pregavam a igualdade - eram agredidas e tinham os cabelos raspados. Sindicalistas eram agredidos e coagidos. Jornais liberais que se colocavam contra os interesses da Klan eram bombardeados e seus responsáveis amarrados em trilhos de trens ou mergulhados em tonéis de piche. Não havia limites para os desmandos.

Em um dos mais tenebrosos exemplos de abuso, membros da Klan compravam prisioneiros negros das penitenciárias estaduais e os forçavam a escravidão em fazendas e plantações, matando-os quando sua utilidade terminava.

A Ku Klux Klan possuía um amplo espectro de supostos inimigos. Católicos eram considerados traidores uma vez que se sujeitavam a autoridade do Papa. Judeus eram perseguidos como uma ameaça à estabilidade econômica e social. Imigrantes eram vistos como indivíduos inferiores que disputavam o emprego com trabalhadores americanos. No início do século sindicalistas e comunistas foram incluídos na cartilha do ódio como agitadores dispostos a derrubar o governo. A Klan, no entanto, se tornou célebre pela sua perseguição aos negros. Sendo um movimento nascido no sul dos Estados Unidos, a Klan misturava ao seu discurso o orgulho confederado. Para os líderes, a Guerra Civil havia sido travada como uma desculpa para encerrar com a escravidão, portanto a derrota do sul era culpa dos negros.

Nos estados do Sul, o preconceito racial vigorou até meados da década de 60. Negros eram abertamente marginalizados e proibidos de utilizar certos serviços ou transitar em áreas "só para os brancos". A política de descriminação chamada de Jim Crow vedava o acesso de negros a hotéis, bibliotecas, cinemas, teatros, restaurantes, hospitais e escolas. Presídios, transportes públicos, bebedouros e banheiros eram separados. Miscigenação constituía um tabu social e um dos maiores pecados que poderia ser cometido, a lei da Louisiana proibia a união civil entre pessoas de diferentes raças. Nem todas, mas a grande maioria dessas leis decorria da influência da Klan. Acima da força da lei, a pressão social era muito forte. Aqueles que ficavam contra o status quo eram marginalizados, excluídos e em casos mais extremos simplesmente desapareciam.

De fato, a única parte da Louisiana que estava livre das ações da KKK era a cidade predominantemente católica de Nova Orleans. A população local era abertamente hostil a Irmandade e os consideravam "caipiras ignorantes". Mas mesmo em menor número, a Klan estava presente na cidade, agindo nas sombras para atingir seus alvos costumeiros. A Universidade de Notre Dame foi atacada em 1925 por membros da Klan vestindo os trajes cerimoniais e a capela da Universidade católica foi destruída. Em 1926 a Klan tentou se infiltrar em um julgamento de assassinato para capturar o acusado, um imigrante irlandês, que por pouco não foi linchado.

Mas o domínio irrestrito da KKK não durou muito tempo. A partir de 1923 o FBI começou a infiltrar agentes na base da Irmandade considerada uma clara ameaça a estabilidade nacional. Em 1926, a clan sofreu um duro golpe quando a sociedade se fragmentou em duas facções. Escândalos, assassinatos e brigas internas pelo poder terminaram por enfraquecer a Klan de forma decisiva. O número de membros foi diminuíndo gradualmente. A KKK tentou se reestabelecer em meados dos anos 40 se aproximando de movimentos fascistas na Alemanha, mas a entrada dos EUA na Segunda Guerra esfacelou qualquer tentativa. Muitos dos membros se uniram ao exército após Pearl Harbor elegendo os japoneses como seus novos inimigos.

Na década de 60, os movimentos sociais pela igualdade racial incentivados pela administração Kennedy serviram como estopim para reativar a Klan. A Irmandade recrutou agitadores e partidários, mas sem um gabinete central foi facilmente desarticulada pelos federais.
Hoje a KKK atua de forma clandestina e seus agentes são bem mais discretos e cuidadosos, isso não significa que ela tenha desaparecido. Em absoluto, preconceito e ódio racial infelizmente são uma parte vergonhosa da natureza humana, uma que anda de mãos dadas com a ignorância.

Ao longo da História, a miséria tem provocado muitos motins, mas em regra não provoca revoluções. A situação da França, antes da Revolução, era a de um Estado pobre num país rico. 1
Gostaria de começar uma série de artigos que serão escritos sobre a Revolução Francesa. Estes não serão em ordem cronológica e muito menos de importância e, menos ainda, pretendem fazer uma discussão aprofundada sobre os significados, ou mesmo sobre os limites, de tão importante fato histórico. Não, o singelo objetivo destes artigos será o de apresentar, para os estudantes do ensino médio, um pouco mais sobre os acontecimentos e os personagens que marcaram esta chamada Revolução Francesa.
Para começar vou mostrar que, muitas vezes, mesmo os líderes das revoluções podem acabar sofrendo com o peso das mesmas. Dentre os nomes mais conhecidos na Revolução Francesa podemos destacar o de Robespierre, o de Marat e o de Danton. Estes foram líderes de uma facção que ficou conhecida como os jacobinos – mais radicais e violentos do que os girondinos, que eram mais moderados. Os jacobinos ganharam força principalmente após conquistarem algumas vitórias contras tropas de outros países europeus, tropas estas comandadas por nobres que viam na Revolução Francesa um perigo. Afinal, se a idéia de revolta popular se espalhasse pela Europa esses mesmos nobres poderiam perder seu secular poder. Esse medo não era sem fundamento, pois, liderados por Robespierre, os jacobinos, acusando o rei de ser traidor da Revolução, exigem que ele seja executado. O próprio rei já era prisioneiro dos revolucionários desde 1789, quando da queda da Bastilha. O desejo dos radicais vai ser realizado quando, em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI vai ser guilhotinado ! A realeza, que um dia já havia pensado que “o rei é o próprio Estado”, estava morta pelas mãos do povo.
O Terror !


No ano da morte do rei começará a época da Revolução denominada “Período do Terror”. Nesta, todos os direitos conquistados com a Revolução de 1789 foram suspensos e todos passam a ser vistos como “potenciais traidores da Revolução”. Durante um ano milhares de pessoas serão presas, condenadas, sem direito à defesa, e guilhotinada em praça pública. A paranóia cresce a tal ponto que se alguém reclamasse, na fila da distribuição do alimento, pela falta de pão, poderia ser preso e guilhotinado por ser contrario aos ideias da Revolução !

É nesse momento que Danton, um dos líderes da Revolução, não vai concordar com tanta violência e vai tentar trabalhar para diminuir o Terror. Os jacobinos, então, se dividem entre os que acham a violência necessária para a manutenção da Revolução, e os que querem um abrandamento dos rigores do governo. Nesta disputa Danton perde. Influenciados por Robespierre, mais radical, Danton é preso e em 5 de abril de 1794, exatamente 216 anos hoje, é executado em praça pública na guilhotina. Morria assim o primeiro dos três líderes jacobinos desta Revolução.
Mas nem só de morte viveu a Revolução Francesa. Em um próximo artigo falaremos sobre um grande ganho para a humanidade que nasce neste momento: Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão. Até mais !
1 - Pierre Gaxotte, La Révolution Française, Paris, Librairie Arthème Fayard.



TROPA DE ELITE 2, UM ALÍVIO

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No “Tropa de Elite” de 2007, o diretor José Padilha preferiu focar no embate entre o heróico Capitão Nascimento e seu pupilo Matias contra as forças do mal da banda podre da PM e da bandidagem, lamentavelmente oferecendo evidentes indícios de resolução do conflito pela lógica fascista (clique aqui para ler a minha crítica). Embora desde sempre Padilha tenha negado qualquer intenção de transformar o Capitão Nascimento de “Tropa de Elite 1” em herói, o fato é que a ideologia do personagem foi perigosamente adotada por boa parte dos espectadores do filme como a única solução para “limpar” o Rio de Janeiro do crime organizado.
“Tropa de Elite 2” representa um alívio para todos aqueles que reagiram com preocupação à mensagem transmitida pelo primeiro filme. O Capitão Nascimento, agora Tenente-Coronel, mudou sua postura, passou a admitir rever certos conceitos, o que mostra que Padilha pode ter absorvido as críticas, mesmo sem parecer te-las digerido bem. Em determinado momento do novo filme ele homenageia explicitamente o diretor Costa-Gavras (presidente do júri em Berlim que deu o Urso de Ouro a “Tropa”), colocando personagens diante de um cinema que exibe uma retrospectiva de seus filmes, como se quisesse lembrar a todos da grande láurea recebida das mãos de um diretor de filmes de cunho humanitário, numa resposta ao bombardeio crítico. Em outro, ele não perde a oportunidade de voltar a dar uma sacaneada nos “intelectuais de esquerda” e “nessa turma dos direitos humanos”, especialmente pela forma debochada como Nascimento se refere a eles nas narrações ao longo do filme, sempre provocando gargalhadas e buscando a adesão da platéia. Com isso, ele só reforça a equivocada visão que a população, especialmente a menos esclarecida, ainda tem dos defensores dos direitos humanos.
Vale lembrar que, embora ao longo do filme Nascimento vá refletindo e mudando de idéia em relação ao deputado Fraga, isso nunca chega a ser verbalizado com o mesmo peso das críticas, e que Fraga indiretamente acaba sendo o responsável pela prisão de seu enteado com maconha e pela morte dos jornalistas.
Tirando essas ressalvas, há de se destacar os inúmeros avanços em relação ao primeiro filme. No campo temático/ideológico, a opção por, finalmente, colocar a política no cerne da questão que envolve a violência urbana – algo que já fazia parte de “Elite da Tropa”, o livro que inspirou o primeiro “Tropa”. Se no “Tropa 1” a narrativa era construída de forma a entorpecer o espectador no sentido de não lhe dar brecha para reflexão, mas sim para comprar a tese do Capitão Nascimento, aqui a platéia é convidada a refletir com ele. Basta lembrar que o primeiro filme terminava de forma catártica, com o tiro estourando os miolos do bandido e a agressiva música-tema louvando o BOPE entrando em seguida, fazendo a platéia sair do cinema sedenta de sangue. Dessa vez, após a imagem aérea do Congresso Nacional, entra a música “O Calibre”, dos Paralamas do Sucesso, mais lenta e analítica.
Isso não significa que “Tropa de Elite 2” esteja mais para um thriller político a la Costa-Gavras do que para um filme de ação. Na verdade, dessa vez o roteiro consegue atingir o equilíbrio quase perfeito entre os bastidores da violência e a sua execução. Se é para citar uma referência estrangeira, está mais para os filmes de máfia de Scorsese do que para o cinema de Costa-Gavras. Não é à tôa que a cena de abertura, com Nascimento saindo do hospital e tendo seu carro metralhado, soa quase como uma citação explícita ao prólogo de “Cassino”, em que o carro de Robert De Niro explode.
Tecnicamente, o filme não deixa nada a dever aos melhores momentos do thriller policial americano, nas envolventes cenas de ação e sobretudo no magnífico desempenho do elenco, com destaque para Wagner Moura e o vilão-revelação interpretado por Sandro Rocha, o major Rocha. A grande diferença é que com a ação se passando no Rio de Janeiro de agora, e não na distante realidade da ficção, a capacidade de envolvimento e indignação do espectador é muito maior. E dessa vez é canalizada para o Bem, mostrando que não vai ser torturando e exterminando bandidos que a violência urbana vai chegar ao fim. Só é uma pena que o filme não tenha sido lançado antes das eleições para deputado federal e estadual, para que o eleitor tivesse a chance de refletir sobre a necessidade de uma “limpeza ética” no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa. Que venha o “Tropa de Elite 3”!

Carlton Cuse vai produzir série de TV sobre a Guerra Civil dos EUA Produtor de Lost se associa com roteirista de Coração Valente em projeto para a ABC

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Com o fim de Lost, Damon Lindelof se mantém ocupado com filmes, mas o outro produtor principal da série, Carlton Cuse. ainda não tinha anunciado seu novo projeto. Ele acaba de ser oficializado.
Cuse vai produzir para a mesma ABC que exibia Lost uma série de época, ainda sem nome, ambientada em Virginia, durante a Guerra da Secessão. Localizada na costa leste dos EUA, Virginia era um dos 11 Estados confederados, o sul escravagista, que declararam independência da União por discordar do governo abolicionista de Abraham Lincoln - evento que deu início à guerra em 1861.
Como Richmond, em Virginia, era a capital da Confederação, e defender a cidade era essencial aos sulistas, o Estado foi palco de alguns dos conflitos mais vigorosos da guerra civil, que durou até 1865. Não se sabe, ainda, se a série assumirá o ponto de vista da União ou dos confederados.
Além de produzir, Cuse vai escrever o piloto, que Randall Wallace pode dirigir, caso a ABC dê o sinal verde para as filmagens. Roteirista de Coração Valente e diretor do inédito no Brasil Secretariat, Wallace também escreve e produz o piloto. Parace que vai ser bom e só esperar para ver.